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Café: extra-forte

maracanazo, maracanã, 1950
Maracanazo, 1950

No início da semana passada, estive pesquisando livros e autores que despertassem o olhar para uma história interessante e com uma narrativa fluida em que as imagens viessem fáceis, como se estivéssemos vendo um filme se desenrolar a cada página. O algoritmo universal me levou a Empate, de Vinícius Neves Mariano, livro que devorei em poucas horas com muita alegria e novas ideias.

O ano é 1950, o momento, a final da Copa do Mundo, Brasil e Uruguai. É a estreia do Maracanã, construído especialmente para o evento - o maior estádio do mundo em seu primeiro momento de glória. O Brasil, como em todas as finais de campeonato, parou para ver o jogo. Estádio lotado, 200 mil pessoas. Duas delas estarão lá e não conseguirão ver nada.

imagem do Maracanã, em 1950 durante a final da copa do mundo, o Maracanazo
O Maracanã de 1950 é o cenário para o livro de Vinícius Neves Mariano

Como se estivessem em um pesadelo, dois homens caem no fosso que separa o campo da arquibancada. Um, manco e raivoso, injustiçado por ter lutado em uma guerra que não era sua, deseja ardentemente a derrota nacional e o outro, a esperança honesta em um trabalhador comum que só quer chegar ao fim do dia feliz, a vitória implacável sobre os vizinhos uruguaios. Com a narrativa dividida entre os soluços de uma torcida desesperada e eufórica, e flashbacks que reforçarão as razões do primeiro, seguimos ansiosos como se o jogo estivesse acontecendo diante de nós e não soubéssemos o resultado.

Tudo o que se ouve são ruídos, gritos, aplausos. O silêncio é sempre mais tenso e reforça a cena que se passa entre os dois. Como uma peça de teatro, tudo é a troca entre eles, e o futebol, ainda que importante enquanto contexto, não se sobrepõe às relações humanas que se descortinam diante de nós.
Capa do livro Empate, de Vinicius Neves Mariano
Empate, de Vinícius Neves Mariano

Vinícius Neves Mariano é preciso no contar de sua história e, no final, sentimos falta daqueles personagens, queremos saber mais sobre eles, queremos ficar talvez mais tempo, além daqueles pouco mais de 90 minutos de jogo. Ironicamente, este mesmo tempo contado é implacável, cronometrado ao fim do romance, do jogo e de qualquer coisa. É o tempo que determina tudo o que temos, fomos e somos. 

O autor foi uma grata surpresa pra mim, que investigarei seus outros escritos agora. Há outros dois livros a conhecer, o recente Velhos demais para morrer, e a experiência do instagram, Nenhum futuro próximo. Para saber mais, visite o site do autor.

***

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Tati Reuter Ferreira

Baiana, curadora de projetos audiovisuais, escritora e crítica de cinema. Vivo de café, livros, cinema, viagens e praia. E Pituca.


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