• Home
  • Sobre
  • Portifólio
  • Contato
linkedin instagram facebook pinterest

Café: extra-forte

Aproveitando a nova febre provocada por Stranger Things que já toma conta de quem assiste a Netflix, segue uma seleção especialíssima com filmes que são referência para a série e outros tão imperdíveis quanto, lançados na nossa amada década de 80. Foi uma década um tanto brega e sincera, onde a adolescência e infância ainda eram de brincar na rua e não havia tantos equipamentos eletrônicos – além dos videogames – para nos deixar trancados em nossas casas, nos impedindo de ralar os joelhos, andar de bicicleta e fazer aquelas amizades de vida inteira. Os anos 80 trouxeram muita música boa, um cinema americano forte e criativo que ainda trazia essa ousadia em conteúdos que nossa política de boa vizinhança atual impede e toda a minha infância em programações moralmente condenáveis na televisão brasileira. Não poderia ser melhor. Para homenagear este momento, eis algumas Maravilhosidades dos anos 80!

Stranger Things (2016, de The Duffer Brothers) – 50min – 8 episódios
Lançado esse mês na Netflix, Stranger Things é o novo sucesso avassalador da programadora-produtora de conteúdo não linear. Ambientada nos anos 80, com referências da cultura da época – cinema, música, televisão, moda, estilo de vida – a série de ficção científica, aventura e suspense garante entretenimento em seus oito episódios, surpreendendo com bons atores, sob a apresentação de três já consagrados: Winona Ryder, Matthew Modine e David Harbour. Will Byers (Noah Schnapp) desaparece ao voltar pra casa à noite após terminar uma partida de RPG em uma pequena e pacata cidade americana, onde todo mundo se conhece. O xerife Jim Hopper (Harbour) entra no circuito a fim de ajudar a mãe (Ryder) que se recusa a acreditar no ocorrido, enquanto os amigos de Will fazem sua própria investigação. Situações estranhas tomam conta da cidade e seus habitantes, desencavando antigos mistérios da região. Tenso e intenso até o final, nos deixa já querendo a próxima temporada e sofrendo ao perceber que só a teremos ano que vem. Dá pra ver tudo em um dia só.

Conta Comigo (1986, de Rob Reiner) – 89 min
Já indicado aqui em outra sessão, segue novamente para quem perdeu, aproveitando este grupo de amigos que têm muito em comum com os de Stranger: Rob Reiner dirigindo este nos anos 80, com River Phoenix, Kiefer Sutherland (lembra aquela série 24 Horas?) ainda crianças, e baseado em um livro de Stephen King, é uma história sobre infância e amizade, onde um grupo de amigos se envolve em uma aventura bastante perigosa. Filme com carimbo de sessão da tarde da minha infância, deve ter passado mais de 100 vezes na televisão, mas ainda acredito que nem todo mundo viu. Tem uma cena traumatizante, que me fez ter medo de água de rio durante muito tempo, mas deixo em aberto para não estragar a surpresa. Se ainda precisa de referências, Rob Reiner fez Harry e Sally (1989), que indiquei na primeira edição das Maravilhosidades e A história de nós dois (1999), além de ser ator, produtor e roteirista. Vale cada minuto.

Tubarão (1975, de Steven Spielberg) – 124 min
Um pôster na parede do quarto de Will e é tudo o que você precisa para lembrar Tubarão. Também já indicado anteriormente – clássicos são para rever – aqui funciona como uma lembrança de anos antes na vida dos garotos da série, já que este é de 75. Spielberg nos traz um suspense aterrador sobre um tubarão que ameaça uma praia e a única solução que o homem encontra para ter paz e poder mergulhar novamente é matá-lo. Mas o tubarão não é bobo nem nada, então dá bastante trabalho e literalmente toca o terror onde aparece. A sinopse é simples assim mesmo, mas o filme é maravilhoso. É um dos marcos do cinema de terror, um dos marcos na carreira do diretor que todo mundo conhece. Tem seus momentos trash, mas de forma geral é até um filme sério, considerando seu gênero. Levou três Oscars, é um dos filmes mais cultuados de todos os tempos e em todo mundo, e carrega um elenco de peso: Roy Schieder, Robert Shaw e Richard Dreyfuss.

ET – o extraterrestre (1982, de Steven Spielberg) – 115 min
Clássico da infância e adolescência e outro filme de Spielberg, ET marcou gerações inteiras nas milhares de vezes em que foi exibido em cinemas e canais de televisão. É o filme que traz Drew Barrymore e Henry Thomas novinhos, é o filme de contato da infância com o universo da ficção científica de forma dramática, divertida e não assustadora. É, acima de tudo, um filme que fala sobre família e amizade. Ainda que não seja dos meus favoritos, é inegável sua importância para o cinema. É, por fim, mais uma referência para a série e é lembrado em vários momentos.

Curtindo a vida adoidado (1986, de John Hughes) – 103 min
Saindo da infância e entrando na adolescência, chega outra maravilhosidade única em nossas vidas: Curtindo a vida adoidado. Pode ser que alguém tenha perdido quando foi lançado e, se aconteceu mesmo, está aí uma ótima oportunidade de ver um filme nostálgico e divertido. Matthew Broderick é Ferris Bueller, um garoto que decidiu faltar um dia de aula porque sim, porque estava a fim. E essa a aventura que acompanhamos junto com sua namorada (Mia Sara) e seu melhor amigo (Alan Ruck) pelas ruas de Nova York, enquanto sua irmã (Jennifer Grey), que nunca consegue se dar bem tenta, a todo custo, estragar os planos do nosso herói. Tem romance, intriga, comédia e aventura – para todos os gostos. Um dos filmes mais cultuados de todos os tempos e reprisado ad eternum na sessão da tarde.

Bônus!!
Contatos imediatos de terceiro grau (1977, de Steven Spielberg) – 137 min
Grande referência para a série, outro filme de Spielberg (sim, ele é um dos diretores da década e seus temas acontecem fortemente na série), este tem um adicional incrível, que é a presença de ninguém menos que François Truffaut ao lado de Richard Dreyfuss, um dos maiores diretores do cinema francês, no papel de Claude Lacombe. Com John Williams compondo a trilha sonora (Tubarão, Guerra nas Estrelas) e uma equipe de peso, não preciso dizer mais nada, quando descubro este trailer incrível. Mesmo se já conhecer o filme, vale a pena o trailer.
Share
Tweet
Pin
Share
No Comentários
Parece mentira, mas sim, voltamos com as Maravilhosidades semanais, com o Café de cara nova e com a inclusão de toda uma vida literária que acontecia no Medium, em português e inglês. O plano para 2019 é focar, então fica tudo agora aqui, junto, misturado e organizado. Vai dar certo (eu acho)!

As Maravilhosidades também mudaram, porque, com o trabalho, a pós, os contos, críticas e crônicas, não está sendo fácil. Continuaremos semanais, mas com três dicas especialíssimas como sempre e diversas, porque ninguém vive só de comédia romântica, documentário e grandes diretores. ;)
Agora chega de falação e segue a primeira edição deste ano desafiador:

Roma
Roma || Alfonso Cuarón - 2018 || 135 min
Cuarón estava inspirado com esse. O diretor de E sua mãe também (2001), Filhos da Esperança (2006) e Gravidade (2013), não apenas dirigiu esse, como foi co-editor, fotógrafo e roteirista. A fotografia em preto e branco impressiona, o apuro visual dos enquadramentos e suas sequências são de tirar o fôlego ao mesmo tempo que instituem um tempo diferente do olhar. E ainda, realizando o segundo desafio maior de um cineasta (o primeiro seria filmar em plano-sequência): filmar na ordem dos acontecimentos.

Estamos falando da Cidade do México no início dos anos 70, com uma turbulência social iminente e e se espalhando pelas ruas e as velhas tradições encontrando as transformações sociais em uma casa de classe média. O protagonismo está na empregada doméstica Cléo: uma mulher jovem, que vem do interior do país para morar na casa, nada diferente do que nos aconteceu por anos no Brasil. O filme é magnífico, a atriz Yalitza Aparicio havia acabado de se formar como professora e após quase um ano definindo o elenco, o diretor a encontrou. O filme é uma produção original da Netflix e acaba de levar os Globos de Ouro de melhor filme, melhor diretor e roteiro. Não tenha dúvidas, vale a experiência. Só não espere nada muito americano aqui, a pegada é outra.

Bônus: entrevista de cinco minutos em inglês, com Cuarón e vários convidados ilustríssimos.

The lobster
The Lobster || Yorgo Lanthimos - 2015 || 119 min
Não sei se todo mundo percebeu esse filme chegando em dezembro do recém-finado 2018. Ele é estranho, porque a estranheza faz parte de sua estética e de tudo o que propõe, o que o torna ainda mais interessante. Colin Farrell é um recém-divorciado que se hospeda em um hotel e precisa encontrar um novo par ou será transformado em um animal. Rachel Weisz é uma mulher cegamente apaixonada.

É o apocalipse para as pessoas solteiras, a solidão é uma ameaça à vida humana e precisa ser combatida a todo custo. Um dos filmes mais críticos, interessantes e inteligentes de 2015, levou a Palma de Ouro e outros 33 prêmios pelo mundo. Vale cada minuto e carrega grande elenco.
Ainda em dúvida? Veja o trailer!

Marie Kondo
Ordem na casa, com Marie Kondo || Marie Kondo - 2019 || 40 min/eps
Correndo o risco de apanhar aqui, a série é interessante, juro! Marie Kondo é uma escritora e consultora de arrumação (organizadora, se preferir) japonesa. Ela lançou alguns livros que viraram best sellers instantaneamente e ainda tem um canal no Youtube. Agora entra na Netflix com essa série fofa e até curta acerca do mesmo macro tema: organizar a casa para viver melhor. Parece simples e óbvio, mas levanta questões. Para quem é adepto de uma cultura minimalista, menos consumista, talvez não veja grandes novidades, mas vale pelo menos, para pegar umas dicas.

Arrisco dizer até que não precisa ver todos os episódios, mas é legal acompanhar os primeiros e entender o porquê do sucesso dessa moça, como suas ideias simples te levam a refletir sobre seu modo de viver com o que você tem - de bens a familiares e amigos. Tudo o que você tem lhe traz alegria? Antes de reclamar comigo por indicar uma série que parece auto-ajuda + qualquer outra de arrumação, dá uma chance. E, qualquer coisa, investe no documentário já indicado aqui, Minimalismo.

Share
Tweet
Pin
Share
6 Comentários
A Netflix dessa vez me surpreendeu. Na nova safra de filmes e séries, há mais Lars Von Trier, há filmes bem interessantes e alguns documentários muito bons, além dos animes de sempre e os filmes obscuros do pacote. Esta edição não poderia se chamar fortes emoções novamente, levando em conta nossos últimos acontecimentos e a tentativa constante de destruição dos brasileiros por parte do governo. O negócio está tão sério que a ameaça do Estado Islâmico passou batida por aqui. Em todo caso, a edição celebra muito bem a estrutura de poder com dois grandes e cultuados filmes, além de outros que tentarão nos tranquilizar, na ilusão maravilhosa da narrativa de ficção. Vamos a eles!!

Ninfomaníaca I e II (2013, de Lars Von Trier) – 117 min e 123 min.
Ninfomaníaca foi um filme polêmico, dividido em duas partes e aqui considero ambas. Lars Von Trier não é a melhor pessoa do mundo, é extremamente complicado e controverso e já deu declarações horrendas em sua vida. Ao mesmo tempo, é um grande artista, tem filmes com aquele status de arte que foge da redução que o ‘cult’ tenta construir. O filme não é sobre sexo, é sobre poder. E não é excitante, a menos que a apatia seja algo que te agrade. Nossa protagonista Joe (Charlotte Gainsbourg e Stacy Martin) conta sua história a Seligsman (Stellan Skarsgard), um homem que a resgata da rua, toda machucada e quase inconsciente. Ela foi deixada ali não se sabe porque e o homem que a resgata salva sua vida. É uma história pesada e com bastante sexo, mas do tipo que envolve doença, ela não é ninfomaníaca dos títulos baratos e acrobáticos dos filmes pornôs, ela é ninfomaníaca como diagnosticada com uma doença que a domina, que ultrapassa seus sentimentos e intelecto. O filme é grandioso, tem alguns momentos que poderiam ser feitos de outra forma e é longo, se considerarmos as duas partes. Foram lançados separadamente nos cinemas. Vale muito a pena, mas precisa de estômago. O final é a própria representação da sociedade e é tudo o que eu vou falar. Além dos já citados, encontraremos Uma Thurman, Willem Dafoe, Christian Slater e Shia LaBoeuf.

Sherlock (2010 -, de Mark Gattis e Steven Moffat) – 90 min
Para pararmos um pouco de pensar sobre todas as coisas que envolvem o filme acima e podem me convidar para todas as discussões sobre ele, segue uma série ótima da maravilhosa BBC para nós: Sherlock. Sim, é sobre deduções investigativas brilhantes, é sobre o cultuado e divertido Sherlock Holmes (Benedict Cumberbatch) e Dr. Watson (Martin Freeman). Os episódios são longos, duram 90 minutos, mas as temporadas são super curtas, de 3 episódios. A produção é imensa, porque a série ganha efeitos especiais, muitas locações e personagens, sendo ambientada nos tempos de hoje. O mais divertido é ver os personagens dialogando e Benedict e Martin fazem uma dupla incrível no que parece ser um quase adolescente (Sherlock) e seu fiel escudeiro mais maduro, mas que precisava de alguma ocupação depois de uma vida tensa no Afeganistão (Watson). A estratégia de ser um seriado curto, como as minisséries da Globo funciona bem, porque quando chegamos perto de cansar, a temporada acaba e precisamos saber o que vai acontecer depois. A série ganhou 73 prêmios além das 107 indicações, acho que vale, pelo menos, dar uma olhada.

Ferrugem e Osso (2012, de Jacques Audiard) – 120 min
Pense num filme bonito? Esse pode ser sobre uma história de amor, quase dá pra chamar de romance, embora não seja o foco do filme. É sobre duas pessoas que vivem dramas fortes e distintos e o superam juntos, em uma ligação muito mais profunda de amizade do que de amor. Stéphanie (Marion Cotillard) é uma treinadora de baleias Orca, daquelas de parques aquáticos. Alain van Versch (Matthias Schoenaerts) é um jovem pai de um garoto que não tem trabalho e precisa encontrar um de qualquer forma, a fim de poder dar alguma vida para seu filho. Os dois se conhecem em uma boate e dali não sai nada, mas ele a ajuda, lhe dando uma carona para casa. Vão se encontrar mais adiante e aí então saberemos mais. É de uma fotografia magnífica em seus contrastes, na aproximação dos personagens. É de uma edição brilhante nas cenas de luta e na construção da história e, para melhorar de vez, é econômica em palavras, do jeito que muitos filmes deveriam ser. É o tipo de filme que nos provoca a conhecer toda a filmografia do diretor e roteiristas, para continuar com estes sentimentos e construções narrativas. Ganhou um milhão de prêmios e vou rever. Ah! Lembra de Piaf que indiquei aqui outro dia? Pois, é ela a protagonista. O filme é belga e vale uma atenção para a cinematografia do país – os filmes tendem a ser impressionantes.

Tubarão (1975, de Steven Spielberg) – 124 min
Continuando a saga sobre filmes de poder que tal um em que a natureza se vira contra nós e nos ameaça? Tubarão é um clássico que todo mundo já viu, mas a trilha sonora permanece em nós para sempre e nos faz querer rever. Não é da safra nova da Netflix, mas é eterno. Spielberg nos traz um suspense aterrador sobre um tubarão que ameaça uma praia e a única solução que o homem encontra para ter paz e poder mergulhar novamente é matá-lo. Mas o tubarão não é bobo nem nada, então dá bastante trabalho e literalmente toca o terror onde aparece. A sinopse é simples assim mesmo, mas o filme é maravilhoso. É um dos marcos do cinema de terror, um dos marcos na carreira do diretor que todo mundo conhece. Tem seus momentos trash, mas de forma geral é até um filme sério, considerando seu gênero. Levou três Oscars, é um dos filmes mais cultuados de todos os tempos e em todo mundo, e carrega um elenco de peso: Roy Schieder, Robert Shaw e Richard Dreyfuss.

Grandes Momentos (2012, de Michael Mohan) – 97 min
Agora, como não poderia faltar, uma comédia romântica daquele tipo: boba, gostosa, não estúpida e do tipo que dá pra ver algumas vezes. Sarah (Lizzy Caplan) é a mocinha da livraria que namora Kevin (Geoffrey Arend). As coisas não estão muito bem quando ela conhece Jonathan (Mark Webber, que com esse filme me fez buscar todos os outros em que participou) e da mesma forma, nem tudo são flores. No meio disso, Beth (Alison Brie, a Trudy Campbell de Mad Men), sua irmã, está enlouquecida com os preparativos para o casamento com Andrew (Martin Starr) e tudo vira um novelo difícil de desatar. O filme é leve, despretensioso, mas com personagens bem construídos e diálogos simples e eficientes. Funciona muito bem em tudo e é um passatempo delicioso.

Bonus track!!
Perdidos na Noite (1969, de John Schlesinger) – 113 min
Esse filme não sai da minha cabeça. Demorei muito para assisti-lo, mesmo com todas as suas credenciais e o resultado foi surpreendente, de fato. Vou escrever propriamente sobre ele, mas acho que se encaixa nesta lista, já que pode ser sobre amizade, sobre redenção e poder. Joe Buck (Jon Voight) é um texano que decide encontrar uma vida melhor em Nova York. Ele acha que por ser bonito e atraente vai conquistar as mulheres da cidade grande com botas de cowboy e um eterno bronzeado. De cara, claro, as coisas não funcionam assim, toda grande cidade sabe ser cruel com os ingênuos. De alguma forma, ele cruza com Ratso (Dustin Hoffman) e pode se dizer que se tornam amigos. Os dois, miseráveis e sem trabalho, seguem tentando se dar bem e enfrentando as consequências de muita pobreza e ideias românticas demais sobre ganhar a vida, para dizer o mínimo. Os dois atores, hoje já grandes nomes da cinematografia americana, aqui estão soberbos. A trilha sonora é de uma nostalgia gritante, da mesma forma que para nós é ver a Nova York de mais de 40 anos atrás com um viés urbano de sombras, sujeira, vida real. O filme é tão bem construído que trechos dele soam com documentais, tamanha composição realista daquela rotina e narrativa. É impressionante e perfeito. Até o fim. Veja com calma, se deixe levar pela história, não ache que é um filme comercial. Você vai se impressionar. E se incomodar um pouco. Levou melhor filme, roteiro e direção no Oscar de 1970, além de outros 24 prêmios e 15 indicações.
Share
Tweet
Pin
Share
1 Comentários
Eis a segunda semana das Maravilhosidades, agora com três indicações que, inconscientemente, trouxeram personagens importantes e marcantes em suas trajetórias. São três bons filmes, um é com certeza 'obra de arte' e pronto, chega de suspense!

Moonlight
Moonlight: sob a luz do luar || Barry Jenkins - 2016 || 111 min
Parece que 2016 foi ontem, quando esse filme vem à mente. As impressões sobre ele ainda estão latentes e o que aparece primeiro é um sentimento e depois a realização de que estamos vendo uma obra prima. Barry Jenkins conseguiu um elenco sem igual, um filme que toca em um sem fim de temas sensíveis e, por isso, universal. Eu não consigo ver um defeito nele, honestamente. É um dos melhores filmes da minha vida e em todos os aspectos: dramaturgia, fotografia, som, roteiro, direção. Se não viu ainda, vai correndo. Não dá nem vontade de ficar falando sobre ele, nem veja o trailer, tenta aproveitar em primeira mão, com uma impressão fresca e virgem.


Ícaro
Ícaro || Bryan Fogel - 2017 || 120 min
Esse é um filme inesperado. O documentário atinge uma das premissas clássicas do 'gênero', que é a imprevisibilidade. A ideia é simples: Bryan Fogel, diretor, roteirista e protagonista é também ciclista amador e quer entender de que forma o uso do doping passou, durante muitos anos, despercebido pela mídia e organizações olímpicas e de esportes. Ele treina e compara suas performances antes e depois e, usando o doping em si mesmo, e acaba descobrindo uma máfia enorme e as estratégias reais de como burlar o sistema. Impressionante, com consequências e desdobramentos que não parecem ser o mote inicial e sim a consequência do 'fazer do filme'. Tenso, polêmico e interessante. Levou o Oscar e o Sundance de documentário em 2018.


A garota dinamarquesa
A garota dinamarquesa || Tom Hooper - 2015 || 119 min
Pense que é o mesmo diretor de O Discurso do Rei (2010) e Os Miseráveis (2012). Acho difícil realmente alguém não ter visto esse, o que não inviabiliza ver de novo, aproveitando a disponibilidade na Netflix e a infeliz e quase extinção de videolocadoras. Lili (Eddie Redmayne) e Elba (Alicia Vikander) são esse casal que ultrapassa as barreiras sociais em um emaranhado de questões sobre transgênero, tolerância e sexualidade. Nos tempos quase sombrios que vivemos, vale ver esse respiro de esperança, resistência e amor, ainda que envolto em um drama. Baseado em fatos reais, levou trinta e um prêmios pelo mundo, entre eles o melhor atriz coadjuvante para Vikander.
Share
Tweet
Pin
Share
No Comentários
Winter is coming aqui no Rio de Janeiro... ou será que já atingiu o Brasil todo? O fato é que nesta capital está muito frio, uma frente fria veio nos salvar – e talvez me deixar resfriada – do calor absurdo de um verão maior do que o normal. E nesse friozinho, vocês me desculpem, mas minha baianidade só me permite ficar em casa, entre livros e filmes, sendo feliz na minha cabana de edredon, a base de café. Para contribuir com esse momento aconchegante de preguiça, pijama e meia, sozinho ou acompanhado, seguem as dicas para esta semana feliz:

Chef’s Table (2015, de Clay Jetter, Brian McGinn, Andrew Fried, David Gelb) – 50 min
Poderia ser mais uma série sobre comida, dessas que abundam nos canais de tv por assinatura, mas esta parece ter algo especial. Como fã de comida e tudo o que a envolve, essa trata dos chefs, um retrato conciso e interessante que dá importância e nos traz o conhecimento sobre algum grande mestre da culinária internacional. O primeiro episódio é sobre Massimo Bottura, este da foto, e de repente estamos em Módena, conversando e conhecendo um homem que modernizou a culinária italiana, que já nos parecia ótima em sua forma tradicional. A fotografia ajuda enormemente e aí temos vontade de morder a tela. Este mês estreia a segunda temporada totalizando doze episódios em sequência de uma das coisas mais gostosas da Netflix.

Thelma & Louise (1991, de Ridley Scott) – 130 min
Estaria na estante dos clássicos modernos, filme que fala sobre amizade, sobre mulheres, sobre machismo e liberdade. Quando estudava roteiro na faculdade, meu professor costumava dizer que este é um filme completo; sua estrutura é perfeita, seus pontos de narrativa e virada funcionavam no padrão clássico e ainda era híbrido em gênero. Eu concordo com tudo, mas você nem precisa intelectualizar e tentar explicar demais. Vai assistir as performances de Geena Davis, Susan Sarandon e Harvey Keitel, vai encontrar Brad Pitt em início de carreira e corre para ver os desdobramentos de um filme fácil de ver e que, ainda assim, toca em questões universais e relevantes ainda hoje. Se ainda precisar de mais referências, Ridley Scott é diretor deste e de Alien, Gladiador e Blade Runner.  

Manhattan (1979, de Woody Allen) – 96 min
Bem achei que já tinha indicado este, mas me parece que só escrevi a crítica. Este é um dos trabalhos que deu relevância a um Woody Allen de quase quarenta anos atrás, antes de rodar pela Europa, mas já consagrado, escalando Meryl Streep, Diane Keaton e Mariel Hemingway, todas bastante jovens e já grandes atrizes. Ele já seguia fazendo filmes em Nova York e esse aqui é de uma beleza sem igual. Ele está no filme então se você o odeia ou não gosta dele atuando, talvez encha o saco, mas é realmente bonito e inteligente. Tem outra questão polêmica, que é o relacionamento dele com uma garota e aí entram questões delicadas e difíceis de digerir, pensando na própria história de vida do diretor. Em todo caso, o filme tem uma beleza fotográfica, é uma ode a Manhattan, tem aquele velho jazz maravilhoso de todos os seus filmes e grandes diálogos. Eu acho uma delícia para esse inverno súbito. A crítica está aqui!

Bonequinha de Luxo (1961, de Blake Edwards) – 115 min
E já que estamos em Manhattan, por que não um clássico da cidade? Bonequinha de Luxo traz Audrey Hepburn como essa moça que tenta ganhar a vida em uma das cidades mais caras do mundo e sonha com luxo e vida fácil enquanto esbarra no dia a dia de encontros vazios, festas e assédios. Dirigido por Blake Edwards – o pai daqueles clássicos da Pantera Cor de Rosa, com Peter Sellers – e baseado no livro homônimo de Truman Capote é uma versão da cidade de mais de cinquenta anos atrás e em muitos momentos não conseguimos entender como uma garota frágil como Holly Golightly consegue sobreviver naquela cidade de homens – mas ela também não é boba nem nada. É uma comédia romântica, gostosa e leve para uma tarde fria. Lembra daquela música Moon River? Está aqui.
 
Johnny e June (2005, de James Mangold) – 136 min
Pulando pra música, Johnny Cash. Este drama conta um pouco da história de um dos cantores mais importantes dos Estados Unidos e foca precisamente na relação com June Carter, que depois de muita novela, virou sua mulher e parceira. A história é linda, traz Joaquin Phoenix em uma caracterização que daria para dizer incorporação do cantor. Ele não somente interpreta muito bem – para quem não lembra, é o ator de Her (2013, de Spike Jonze) – como canta muito bem, dando voz à trilha sonora do filme. Reese Witherspoon não fica atrás e juntos eles têm uma química que faz gosto de ver na tela. Filme grande, americano clássico, provavelmente terá algumas diferenciações da vida real do cantor e algum fã super fiel pode reclamar, mas se você quer só se divertir e conhecer um pouco da vida e carreira de Johnny Cash, vem ver.

Conta comigo (1986, de Rob Reiner) – 89 min
O filme extra da sessão, porque me empolguei hoje, é Conta Comigo. Rob Reiner dos anos 90, com River Phoenix (o irmão de Joaquin, da dica anterior), Kiefer Sutherland (lembra aquela série 24 Horas?) ainda crianças, e baseado em um livro de Stephen King, é uma história sobre infância e amizade, onde um grupo de amigos se envolve em uma aventura bastante perigosa. Filme com carimbo de sessão da tarde da minha infância, deve ter passado mais de 100 vezes na televisão, mas ainda acredito que nem todo mundo viu. Tem uma cena traumatizante para mim, que me fez ter medo de água de rio durante muito tempo, mas deixo em aberto para não estragar a surpresa. Se ainda precisa de referências, Rob Reiner fez Harry e Sally (1989), que indiquei na primeira edição das Maravilhosidades e A história de nós dois (1999), além de ser ator, produtor e roteirista. Vale cada minuto.
Share
Tweet
Pin
Share
No Comentários
Essa semana corrida veio eclética! Aproveitando um pouco de cada coisa, tem drama, romance, comédia, documentário e série! Tudo muito bom mesmo e cada produção surpreendente à sua maneira. São filmes que, à exceção de Azul é a cor mais quente por toda a polêmica, não chamam muita atenção nas prateleiras virtuais, mas são excelentes. E ainda tem o retorno de uma série incrível e muito engraçada. Faz a pipoca e aproveita a sessão!

Cake (2014, de Daniel Barnz) – 102min
Melhor começar com drama, porque depois é só alegria, certo? Aqui, Jennifer Aniston prova que vale mais do que Rachel de Friends, aquela série que tanto amamos e será eterna, por mais que já tenha acabado há algum tempo. Ela é Claire, que perde um filho em um acidente e vive sob um luto amargo e doído, refletindo em um sério problema de coluna. O filme se desenvolve e subverte aos poucos essa negatividade graças a um novo conhecido e a sua acompanhante/empregada doméstica Silvana Adriana Barraza, que lhe sustenta além de suas capacidades. O filme não é apenas sofrimento, na verdade, mas de um sarcasmo que rende algumas risadas. É a jornada de transformação de uma mulher realista e foi aqui que Jennifer galgou seu lugar ao sol para além das comédias de forma surpreendente em uma mudança tanto física e estética quanto de construção de personagem e atuação. O filme ainda conta com Anna Kendrick, Sam Worthington, Felicity Huffman e William H. Macy.

My own man (2014, de David Sampliner) – 82min
É um desses documentários que passam batidos por nós na Netflix. A chamada dele fala de um homem que deve se preparar para ser pai e não muito além disso. Demorei para ver, mesmo tendo uma predileção por documentários subjetivos e pessoais e a surpresa foi grande, deveria ter visto antes. O filme produzido por Edward Norton consegue ser sensível e delicado, contando a história de um homem jovem que tem uma relação difícil com o pai, que parece ser um personagem, de tão estereotipado naquele perfil de ‘homem-macho’ que conhecemos bem. O protagonista e diretor do filme, é seu extremo oposto e passou a vida empurrando goela abaixo sua estrutura delicada e sensível, uma outra forma de masculinidade nem sempre reconhecida socialmente. Quando sua mulher engravida, ele resolve investir nessa ideia de ser pai e parte para o encontro com o seu para investigar suas identidades, relacionamentos e dificuldades. Acaba sendo um filme sobre família, gênero, sociedade e futuro e nos vemos ali de alguma forma, com nossas dificuldades e situações constrangedoras e engraçadas. Vale muito a pena.

Azul é a cor mais quente (2013, de Abdellatif Keniche) – 180min
Esse é ousado e comprido. Na verdade é mais polêmico do que inovador, que de fato, não inova muito. Adèle (Adèle Exarchopoulos) e Emma (Léa Seydoux) se conhecem e se apaixonam. Adèle é quase inocente, está se descobrindo e se entrega totalmente a Emma, mais velha e experiente e dão início a um tórrido romance, mas esta não é uma comédia romântica. O amor intenso pra mim é muito mais relevante aqui enquanto história de um primeiro amor, aquele que não controlamos, que sofremos o diabo e aprendemos, independentemente de saber se haverá um final feliz ou triste. Ao mesmo tempo e não há como não mencionar, há exageros do diretor e alguma exploração das atrizes, um excesso nas cenas de sexo, de closes, de invasão. É um filme sobre um relacionamento lésbico que transcende rótulos, já que o que importa aqui é a construção de um amor jovem e novo e seu desenrolar. Intenso.

In her shoes* (2005, de Curtis Hanson) – 130min
Depois de uma história de amor romântico entre duas mulheres, um amor fraterno e divertido neste Em seu lugar*. Rose (Toni Collete) e Maggie (Cameron Diaz) são duas irmãs bem diferentes uma da outra. Enquanto Rose tem um emprego formal, uma vida estável e tenta encontrar uma pessoa para dividir a vida, Maggie ainda não traçou um perfil profissional e nem parece ser esse seu foco – vive de um deixa a vida me levar que lhe parece bom, de vez em quando com emoções demais e alguns problemas. Elas vão morar juntas por um tempo e com isso as diferenças serão reforçadas, da mesma forma que as semelhanças e a importância que uma terá na transformação da vida da outra. Leve, animado e inteligente. Curtis Hanson é diretor experiente com um Oscar no currículo, por Los Angeles, cidade proibida (1998).

That 70’s Show (1998 - 2006, de Mark Brazill, Bonnie Turner e Terry Turner) – 22min
Não sei em que ano comecei a ver esta série, mas é uma das mais engraçadas que conheci. Como o título indica, é baseada nos anos 70 e o retrato da época – ainda que eu não possa dizer que seja fiel à realidade porque não vivi ali – traz muito dos conceitos, do que entendemos ter sido essa geração. Seis adolescentes amigos (5 americanos e um intercambista de algum país latino-americano) se encontram no porão da casa de um deles para falar da vida, ver tv, ouvir rock e fumar qualquer coisa descobrem a vida em namoros, relacionamentos com suas famílias, colegas de escola e eventuais trabalhos. Leve e divertida, vale o longo investimento: são 8 temporadas que lançaram Topher Grace, Ashton Kutcher e Mila Kunis. Estou revendo tudo, do início ao fim.
Share
Tweet
Pin
Share
No Comentários
Chegamos à décima edição das Maravilhosidades e ela vem com tudo!! Semana de pós-feriado é sempre correria do lado de cá. Voltando de Salvador, resolvendo coisas de casa e vida, daquele jeito. E na primeira semana de abril a Netflix nos deu não sei quantos presentes, que bem já passei o olho, mas vamos com calma que o que não falta é filme bom para vermos, em qualquer época. Como este fim de semana chega à velocidade máxima e está fazendo sol por aqui, selecionei filmes de impacto, com um pouquinho de nada de alívio, para ficarmos no clima certo.

blue-jasmine
Blue Jasmine (2013, de Woody Allen) – 98 min
Woody Allen se superou nesse filme, que não seria nada sem a presença de Cate Blanchet. É muito difícil dizer que uma atriz é a melhor de sua geração, mas Cate, se não for a melhor está no top 3, com certeza. Ela é Jasmine, a irmã antes rica e agora entregue à rua da amargura, de Ginger (Sally Hawkins, outra incrível e menos conhecida que ganhou meu coração em Simplesmente Feliz, de Mike Leigh), com quem vai procurar abrigo após perder o marido, um especulador golpista. O filme centra todo na atuação de Blanchet e sua transformação, da riqueza à derrocada e essa adaptação a um novo estilo de vida. Ácido, mordaz, sarcástico do início ao fim, consegue ser um misto de comédia leve – típica do autor – e drama. Você vai rir mesmo se não gostar de Woody Allen e ainda encontrará Alec Baldwin novamente, Bobby Cannavale e Louis CK em uma curta participação.

album-de-familia-filme
Álbum de família (2013, de John Wells ) – 121 min
Julia Roberts e Meryl Streep confirmam sozinhas a relevância desse drama carregado de tiradas ainda mais ácidas e cruéis do que Jasmine. A família de Violet Weston (Streep), uma mulher amarga e difícil, se reúne para lhe visitar após o desaparecimento do marido (Sam Shepard). As filhas, Barbara (Roberts), Ivy (Julianne Nicholson) e Karen (Juliete Lewis) com suas famílias aparecem para um difícil e conturbado encontro – ainda assim, regado a recordações e gargalhadas. A importância e qualidade do filme estão na identificação que temos com ele em determinados trechos e nossas próprias famílias – especialmente se não moramos mais com nossos pais e os vemos em visitas ocasionais. Difícil, inteligente e ácido, vale a pena, nem que seja para ver o jogo de cena de um elenco sensacional. Aqui você ainda encontrará Ewan McGregor, Chris Cooper, Margo Martindale, Dermot Mulroney, Abigail Breslin e Benedict Cumberbatch. 

piaf-filme
Piaf: um hino ao amor (2007, de Olivier Dahan) – 140 min
Saindo da comédia difícil para o drama de verdade, segue Piaf: um hino ao amor (o título em português remete a uma das músicas mais famosas na voz de Edith Piaf). Aqui vemos a história de vida da cantora ícone francesa incorporada por Marion Cotillard em uma performance que lhe garantiu de uma só vez o Oscar, Globo de Ouro, BAFTA, César, Cannes e outros prêmios de melhor atriz em festivais menores. Como uma biografia clássica, o filme nos carrega para a trajetória da cantora, da ascensão à morte e conhecemos mais sobre a voz e a vida dessa mulher forte, sofrida e maravilhosa. Vale muito o investimento!

casamento-grego
Casamento grego (2002, de Joel Zwick) – 95 min
Depois de tanto sofrimento, alguma leveza é fundamental. Casamento Grego é uma comédia romântica engraçadíssima, no melhor estilo ‘não quero pensar nos meus problemas agora’ que você pode assistir neste fim de semana. Leve, despretensiosa e boba, mostra o estereótipo de uma grande família grega que, ao contrário do Álbum de Família, traduz tudo em piada, até as questões mais sérias. É para baixar a guarda e se permitir uma brincadeira animada e bem construída. Lembrei tão carinhosamente desse filme agora que até vou rever! É com Nia Vardalos, que também assina o roteiro e John Corbett, o Adam, da série Sex and the City.

habemus-papam
Habemus Papam (2011, de Nanni Moretti) – 102 min
Uma vez eu li em algum lugar que Nanni Moretti era o Woody Allen da Itália. Eu acho que poucas coisas os unem: a comédia inteligente e a participação nos filmes como atores, além da direção. Mas os dois são completamente distintos, na vida real. O tipo de comédia é diferente, a forma de filmar, o tratamento dos atores, os roteiros, enfim, tudo muda. Neste Habemus Papam vemos a história de um conclave que parece dar errado. A escolha papal pode ser um tormento e fardo para seus candidatos, pela pressão de ‘presidir’ a igreja Católica. Assim, chamam um psicanalista (Moretti) para ajudar o futuro papa em suas questões, para que fique firme diante da decisão de todos e nem tudo sai nos conformes. O filme não é de gargalhadas, mas de uma comédia mais refinada, que pode passar despercebida se o assistirmos com pressa em sermos agradados. Ele funcionou comigo um pouco como Juventude (nos cinemas a partir desta semana, com crítica aqui no Café) que nos toma um tempo para digerir e verificar sua importância. Gostei bastante dos dois e ambos são italianos, o que pode ser um fator em comum neste processo, já que o cinema de lá não vem com tanta frequência para nós e ficamos com aquelas referências antigas e os filmes independentes. Este vale o desafio. 
Share
Tweet
Pin
Share
No Comentários
Olá! De volta à programação normal. Semana passada foi corrida por conta do aniversário e outros projetos, como as novas publicações no Medium. Essa experiência está sendo muito boa, na verdade, como um espaço extra para testar outros assuntos. Vamos ver o que acontece. Dá uma passada lá. Tem conto, crônica e crítica!

Então, para reparar essa ausência, segue um título extra! Vamos com 6 indicações para este fim de semana de agitação política. Ainda hoje sai a crítica de House of Cards.
Cooked (2016, Alex Gibney, Michael Pollan) – 60 min
É uma série nova, documental, sobre comida. São 4 episódios baseados nos 4 elementos essenciais: fogo, água, terra e ar. Assisti metade deles, Fogo e Água e são bem interessantes. Seguem o modelo do documentário americano feito para a tv, mas como o assunto é muito bom, ultrapassamos o didatismo que a forma oferece. A fotografia é um dos artifícios para chamar nossa atenção e ficamos com água na boca por quase qualquer coisa que aparece ali.. em qualquer lugar do mundo. O fato desta produção ter sido feita internacionalmente ganha outros contornos no tema também. É um pouco dura para os corações sensíveis dos vegetarianos e veganos, mas a própria história se justifica, então está tudo certo. O texto parte sempre do todo para o particular. Não se fala apenas de comida, como de sua história, seu contexto social, político, um apanhado interessante e abordado diferentemente a cada episódio. Vale a pena.

Intocáveis (2011, Olivier Nakache, Eric Toledano) – 112 min
Comédia francesa. A história real de Philippe (François Cluzet), um homem tetraplégico que contrata Driss (Omar Sy), um assistente sem qualificação para que seja seu cuidados, nos transporta para uma história emocionante que, não suficiente, lança Omar Sy internacionalmente. A sensibilidade das atuações e a forma com que os protagonistas trabalham os temas fortes e sensíveis da trama garantem seu sucesso avassalador. Ainda que muita gente já o tenha visto, vale a pena rever, para sentir novamente os efeitos de um filme que consegue entreter e cativar. Esse tem crítica!

Um corpo que cai (1958, Alfred Hitchcock) – 128 min
Agora, após acalentar o coração com um filme sensível, outro para dar uma acelerada: Um corpo que cai, do mestre-gênio-maravilhoso Alfred Hitchcock. O terror de Psicose não está presente, trabalhamos agora o suspense no estado puro. Já citei antes aqui no Café a diferença entre cada gênero, explicada pelo mestre Hitch: suspense é quando está assistindo a uma cena em que você sabe que há alguém atrás da cortina com uma faca. Terror é quando você não sabe e vê o mocinho ser atacado – você é tão vítima quanto ele. Com isso, Um corpo que cai conta a história de Scottie (James Stewart) um detetive contratado para investigar Madeleine (Kim Novak), a mulher de um velho amigo. Scottie sofre de vertigens quando em lugares altos e veremos como isso é importante na trama. Hitchcock mandou construir um cenário específico da escadaria da torre para dar o efeito de vertigem do protagonista. Assim os efeitos especiais eram feitos. Ele tinha a escadaria de um tamanho e uma versão dele alongada. Além disso, É um dos melhores filmes do gênero e se você preza pelo bom cinema, precisa vê-lo. Correndo. Veja agora.

Sociedade dos Poetas Mortos (1989, Peter Weir) – 128 min
Depois de um clássico do cinema mundial, voltamos para a estante que minha antiga locadora soteropolitana chamava de “Clássicos Modernos”. Sociedade dos poetas mortos eu não vi em 1989, ali eu tinha 6 anos. Devo ter visto na adolescência ou no finalzinho dela e é um desses filmes românticos, marcantes, lindos e sensíveis. Mas não é chato. Robin Williams é Keating, um professor de inglês em uma escola tradicional só para garotos da elite americana. Ali encontraremos Ethan Hawke, Robert Sean Leonard, Josh Charles como seus alunos e aprendizes sobre a vida. Keating quer ensinar mais do que as letras e os instiga a criarem esta sociedade dos poetas mortos. Provavelmente este foi um dos filmes que fez tanta gente da minha geração tatuar ‘carpe diem’ em alguma parte do corpo. Mas é realmente inspirador, emocionante, divertido. E tem Robin Williams, que deveria ser o único e suficiente argumento para ver o filme.

Mesmo se nada der certo (2013, John Carney) – 104 min
Um pouco de romance não faz mal a ninguém, certo? Mesmo se nada der certo é um título ótimo, não fosse Begin again (‘começar de novo’) o original em inglês. Mesmo assim, esse nome poético-clichê é o único problema do filme. Despretensioso e aparentemente bobo, vemos a história de Gretta (Keira Knightley), uma compositora e aspirante a cantora que tem o coração partido por ninguém menos que Adam Levine, o cantor do Maroon 5, lindo e charmoso. Mentira, ela namora Dave (sim, Adam Levine), que começou a fazer sucesso com uma música que fizeram juntos. As coisas nunca saem como esperamos e as reviravoltas transformam o filme do clichê para algo sensível e inteligente. John Carney dirigiu antes Apenas uma vez, outro filme cuja música divide o protagonismo na narrativa e carrega o mesmo tom. Clima ameno, Gretta se reconstrói e segue em busca do que almeja, este filme ainda carrega uma trilha sonora ótima, de procurar para ouvir depois. Dica: tem tudo no spotify. Uma delícia para o domingo e ainda traz junto Mark Ruffalo e CeeLo, combinação improvável em um mesmo filme.
***
Percebi que coloquei filmes inspiradores aqui, quase em sequência. Acho que o clima dessas minhas últimas semanas tem sido esse mesmo, de correr atrás, de fazer o que gostamos, de nos arriscarmos e tentarmos algo que tenha a ver com o que queremos para nós.  J
***
Calma que não acabou. Como não teve publicação aqui semana passada, comunico um teste, caso alguém queira fazer comigo, para discutirmos depois se presta ou não. Manda um recado aqui que conversamos sobre a série The Hour. Ou qualquer outro assunto publicado aqui, na verdade.
The Hour (2011, Abi Morgan) – 60 min
É uma série de duas temporadas da BBC, sobre um programa de tv jornalístico (The Hour, enfim) que se quer sério, internacional e político durante a Guerra Fria, na Inglaterra. Espionagem, suspense, drama, romance, tem tudo! Vi quatro episódios até agora e parece caminhar muito bem. Só vi quatro, porque no intervalo estreou House of Cards e a compulsão não me permitiu ver outra coisa até esgotar a quarta temporada de Frank e Claire Underwood. Agora posso retornar feliz às novidades.

Ben Wishaw (O Perfume, Garota Dinamarquesa) é um dos repórteres que busca as notícias mais relevantes e sempre discute com os editores por assuntos de real interesse nacional. Ao ajudar uma amiga com problemas, se mete em uma série de eventos que provavelmente culminarão em algum escândalo político que ainda vou descobrir. Enquanto isso, a mocinha da história é a editora (Ramola Garai) deste novo programa que eles idealizaram juntos, cujo âncora (Dominic West) é o queridinho do diretor, por ser casado com alguém da aristocracia inglesa. A editora se encanta por ele, mesmo sabendo que não é a melhor opção e agora vamos literalmente aguardar cenas dos próximos capítulos. Até semana que vem termino tudo.

A série parece boa mesmo, o fato de ser inglesa ajuda, a BBC é uma emissora de respeito, com produções de peso para o mundo, ultrapassando as fronteiras do Reino Unido. A qualidade técnica, artística e a relevância do tema dão o peso à trama. Veremos como se desenvolve. Quer testar comigo?
Share
Tweet
Pin
Share
1 Comentários
E chegamos aos indicados da segunda semana! Aqui no Rio estamos vivendo um verão digno de... Gramado?, com uma frente fria que não nos deixa. Claro que com isso não temos praia, aquela vida ao ar livre, correr no calçadão, reclamar do calor dos 40 e não sei quantos graus. Reclama-se da chuva, de roupa molhada e dos incômodos de sempre, mas com certeza estamos dormindo melhor e não ligar o ar condicionado todos os dias é um ganho imenso – a companhia de luz deve estar chateada. O friozinho é sensacional para aquele momento de recolhimento, café quente e preto na caneca, edredon, televisão ligada e não sei quantos filmes e séries que nos deixam felizes confortáveis.

Segue a nova listinha que embala essa preguiça maravilhosa:

what-happened-miss-simone
What happened, Miss Simone? (2015, Liz Garbus) – 101 minutos.
Você pode até achar que não conhece Nina Simone e ter vergonha de falar isso por aí, já que a mulher ficou muito famosa (de novo) depois desse doc lançado ano passado. Ela reapareceu rapidinho na mídia nos últimos dias porque foi divulgado que David Bowie lhe ajudou em um dos momentos mais difíceis de sua vida. Quando você assistir esse documentário, vai descobrir não só que a conhece, como a vida conturbada e difícil que esta mulher de voz maravilhosa, inteligência e força levou. Tinha seus problemas e mais dificuldades do que boa parte de nós por sofrer de uma doença mental, mas nada disso a impediu de se tornar uma diva no melhor sentido não-celebridade-fútil pode ter. O filme nos transporta para sua vida e acompanhamos seus dramas, sucessos, felicidades, tragédias e renascimentos. Concorre este ano ao Oscar de melhor documentário. A crítica está aqui!

reservoir-dogs-netflix
Cães de Aluguel (1992, Quentin Tarantino) – 99 minutos
Tarantino está em cartaz nos cinemas com seu novo Os oito odiados. Surgiu outra lenda na mídia que indica que todos os seus filmes teriam uma conexão – mas para confirmarmos, temos que revê-los, não é mesmo? Cães de Aluguel para mim é um dos melhores. Eu, inclusive, prefiro estes do início de carreira, que são menos ‘de ação’, têm roteiro com ótimos diálogos e elenco. Aqui, seis ladrões interpretados apenas por: Tarantino, Harvey Keitel, Tim Roth, Steve Buscemi, Edward Bunker e Michael Madsen acabaram de assaltar uma joalheria e alguma coisa dá muito errado. Depois de todo o planejamento, o que se desconfia agora é de que um deles é um policial infiltrado. Tenso, engraçado, inteligente e ácido – além de violento, como não poderia deixar de ser – é a lição número um para conhecer a fundo a filmografia do diretor.  

tomboy-celine-sciamma
Tomboy (2011, Céline Sciamma) – 82 minutos.
Em 2014, assisti Girlhood (Garotas) no Festival do Rio. Fui ver sem saber nada do trailer, apenas porque li o nome da diretora e lembrei que era a mesma de Tomboy. Girlhood não está na Netflix, mas espero que chegue algum dia, é sensacional e confirma minha intuição de que é um presente acompanhar a carreira dessa mulher. Tomboy conta a história de Laure (Zoé Haren), de 10 anos, cuja família acaba de se mudar para uma nova casa. Aqui ela terá que se adaptar ao novo bairro, aos novos amigos. Tudo é muito recente, inclusive suas descobertas e transformações. O filme é uma delícia de assistir, é feliz e dramático ao mesmo tempo, é incrível a naturalidade da protagonista em um papel tão complexo e como a direção aborda o tema, com um olhar que nos permite desvendar e acompanhar sua trajetória. Para deixar tudo mais tranquilo nas locações e na dinâmica com atores mirins, Céline chamou os amigos reais de Zoé para participarem – o que funciona muito muito bem. Vale a pena demais. Tem crítica também!!

delicadeza-do-amor-amazon-filme
A delicadeza do amor (2011, David e Stéphane Foenkinos) – 111 minutos.
Como não poderia faltar, tem romance também. A delicadeza do amor é uma comédia romântica francesa que traz Audrey Tautou (Amélie Poulain) e François Damiens (O Novíssimo Testamento) numa parceria digna do melhor café que possa existir. Natalie está se adaptando ao luto, perdeu seu marido, melhor amigo, amor da vida. No trabalho, tenta se livrar das investidas de seu chefe sem noção e, de uma forma inusitada, se encontra com Markus, um sueco sensível que trabalha alguns andares abaixo, no mesmo prédio. Não quero falar mais nada, mas para quem busca um filme engraçado, sensível, fofo e romântico sem dar enjoo, é esse.

chef-filme
 Chef (2014, Jon Favreau) – 114 minutos.
Quem ainda não viu esse filme está perdendo uma das melhores comédias de 2014. Dirigido e protagonizado por Jon Favreau, esse filme independente de elenco estelar (Scarlett Johansson, Sofia Vergara, Robert Downey Jr, John Leguizamo e Dustin Hoffman) é tão divertido e despretensioso quanto literalmente gostoso. Após pedir demissão do restaurante em que trabalhava como chef, Carl (Favreau) resolve montar um food truck (bom e velho podrão que virou gourmet) de comidas maravilhosas. Essa proposta o faz repensar sua forma de viver e se relacionar com seus amigos e familiares. É um filme que dá pra ver com família, amigos, enfim, com qualquer entidade que esteja do seu lado. Arranja uma comida gostosa e senta, porque vale o ingresso!
Share
Tweet
Pin
Share
No Comentários
Posts mais antigos

Sobre mim

a


Tati Reuter Ferreira

Baiana, curadora de projetos audiovisuais, escritora e crítica de cinema. Vivo de café, livros, cinema, viagens e praia. E Pituca.


Social Media

  • pinterest
  • instagram
  • facebook
  • linkedin

Mais recentes

PARA INSPIRAR

"Amadores se sentam e esperam por uma inspiração. O resto de nós apenas se levanta e vai trabalhar."

Stephen King

Tópicos

Cinema Contos e Crônicas streaming Documentário Livros Viagem comportamento lifestyle

Mais lidos

  • Crítica: Love 3D, Gaspar Noé
    Crítica: Love 3D, Gaspar Noé
  • Cinema em Casa | Robert Downey Sr.
    Cinema em Casa | Robert Downey Sr.
  • Jia Zhangke - Um homem de Fenyang
    Jia Zhangke - Um homem de Fenyang
  • Para ler | O lugar, de Annie Ernaux
    Para ler | O lugar, de Annie Ernaux

Free Blogger Templates Created with by ThemeXpose