Pense comigo: janeiro não conta, verão. Fevereiro então, só depois que o carnaval passar. Aí, achamos que o ano ia começar em março, que parece ser um dos meses mais longos (e maravilhosos) do ano, mas ele trouxe a semana santa. Abril chegou com tudo, todos os feriados e basicamente passamos uma semana atrás da outra com um dia a menos. Só me resta concluir que o ano começa agora, nesta primeira semana de maio que já inaugura com um feriado, o dia do trabalho. As indicações desta semana também falam sobre isso, então, sem mais delongas, eis as Maravilhosidades para começar esse ano confuso:
Capacetes Brancos (2016, de Orlando Von Einsiedel) – 41 minutos |
Começando já com uma porrada, vamos para o documentário que ganhou o
Oscar na categoria de Curtas e tem tudo a ver com o dia do trabalho. Capacetes
Brancos conta a história de um grupo de resgate de vítimas de
bombardeamentos na Síria. Estes homens estão em plantão sem folgas e em
constante risco de vida sob escombros, resgatando pessoas enquanto os Estados
Unidos, a Rússia e o próprio governo local atacam as cidades sírias. Acho, no
mínimo irônico, que se premie nos Estados Unidos esses filmes de guerra onde quem premia é quem ataca, mas
essa nação é ‘especial’ e nós sabemos disso há bastante tempo. Em todo caso, o
filme vale muito a pena, porque expõe esses heróis que não buscam
reconhecimento, mas salvar seus conterrâneos, familiares, amigos, qualquer um
que necessite apoio. Impressionante e emocionante, não busca resultados e nem
acusar vítimas e algozes, mas somente expor a vida desses homens, seu
treinamento e suas tragédias domésticas.
Cara gente branca (2017, de Justin Simien) – 30min/episódio – 10 episódios |
Série recém-lançada na Netflix, com dez episódios curtos, você assiste
de uma só vez e depois enfrenta aquela crise existencial de ‘o que fazer agora’. Samantha
White (Logan Browning) é estudante e
residente na universidade de Winchester, nos Estados Unidos e é locutora de um
programa de rádio que critica as relações entre brancos e negros em sua
comunidade. Ela mora em uma república para negros e se relaciona com um Gabe (John Patrick Amedori), um estudante de
cinema, branco, criando resistência entre seus amigos, em sua
maioria, ativistas. Esta é apenas uma das questões abordadas, como as relações
de poder, a violência e diferenciação policial com relação a negros e muito
mais. Claramente é uma crítica a uma sociedade racista como sabemos ser a americana – cujas semelhanças vemos aqui – e vemos os episódios como
aconteceu em 13 razões, cada um com
foco em um personagem, sua história particular e como ela se relaciona com a
história principal. Espere bons diálogos, entre comédia e drama, estereótipos
dos dois lados e personagens que se tornam mais complexos a cada episódio.
Referências culturais identificam o preparo dos roteiristas, que buscavam fugir
da crítica social rasa. Provavelmente terá segunda temporada, já que essa
garantiu um final com continuação e deve incomodar muita gente branca de bem.
Baseado no filme homônimo de 2014.
Ela (2013, de Spike Jonze) – 126 minutos |
Estreia de Maio na Netflix, um dos melhores filmes de 2013. Joaquim Phoenix é Theodore, um homem
que desenvolve um relacionamento estritamente virtual e aí encontraremos
grandes semelhanças com nossas vidas e formas com que nos relacionamos com amigos, família e amores, em torno de redes sociais
e de como estamos dependentes de nossos aparelhos como se fossem extensões de
nós mesmos. Grande filme, que trata também de solidão e de como, muitas vezes,
escolhemos, sem perceber, essa forma de viver. O filme ainda conta com Amy Adams, Kristen Wiig, Rooney Mara, Chris
Pratt e Scarlett Johansson. Levou
o Oscar de melhor roteiro original (Spike Jonze, se não lembra quem ele é, te ajudo: Quero ser John Malkovich (1999), Adaptação (2002), Onde vivem os monstros (2012)). Brilhante, imperdível e tem crítica especial no Café, clica aqui!
Karate Kid – A hora da verdade (1984, de John G. Avildsen) – 126 minutos |
Como toda videolocadora que se preze, há que manter seus filmes dos anos
oitenta. Karatê Kid é um de nossos favoritos da sessão da tarde e não poderia
faltar. As sequências também seguem na Netflix, mas importante mesmo é ver o
primeiro. As relações escolares, o eterno bullying americano na adolescência, o
mentor, ninguém menos que o Senhor Miyagi (Pat
Morita) que ajuda Daniel (Ralph
Macchio) a mais do que se vingar e aprender a se defender, mas ser um
atleta, uma pessoa justa que joga limpo. Ótimo filme, aula de roteiro, vale rever
e estranhar o fato de não estar dublado - talvez eu visse assim mesmo, em homenagem aos 'velhos tempos'. Do mesmo diretor do primeiro Rocky (1976), caso você precise de mais
argumentos.
O leitor (2008, de Stephen Daldry) – 124 minutos |
Para terminar bem essa semana, te mando um grande filme, desses que te
deixam pensando por algumas semanas. O Leitor conta a história entre o fim de um
relacionamento de Michael (David Kross / Ralph Fiennes) com Hanna (Kate Winslet), uma mulher sombria, dura e sensível no pós-segunda guerra
mundial e o que acontece dez anos depois, quando eles se encontram no tribunal
em que ela se defende da acusação de ter cometido crimes de guerra. Impressionante,
humano e tenso, é impossível levar o filme até o final com certezas
inabaláveis. Grandes performances de Kate
Winslet (que levou o Oscar e o Globo de Ouro), Ralph Fiennes e David Kross. Do mesmo diretor de Billie Elliot (2000)
e As Horas (2002).
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