Maravilhosidades da Netflix

by - janeiro 15, 2016

Um dos meus programas preferidos era ir uma tarde na videolocadora do bairro, circular pelas estantes, escolher não sei quantos filmes e me internar em casa. Sempre morei perto de Itapuã, em Salvador, e as locadoras do bairro acabaram se tornando pequenas demais, então eu zerava as prateleiras e precisava partir para uma loja maior. Me encontrei na extinta GPW, a maior videolocadora de Salvador, a mais maravilhosa, com a maior variedade. Quando entrei na faculdade de cinema, fiz estágio lá, acabei sendo cliente e funcionária. A vida não poderia ser melhor.

Existia um cargo de indicador de filmes, que era o que todo mundo ali queria ser. Seu trabalho, como diz o título, era sugerir filmes para o público que ficava perdido entre as estantes. Então eu ‘peruava’, assistia algumas indicações, depois conversava com os indicadores. Outras vezes, buscava minhas próprias cobaias, vítimas esquecidas nos corredores, para me meter em suas vidas e sugerir filmes.

Aqui a ideia é a mesma, nossa maior locadora atual, a Netflix, deixa muitos amigos meus perdidos e aí resolvi me meter a indicadora e sugerir 5 por semana, dos imperdíveis da vida. E os primeiros são:

Feitiço do Tempo (1993, Harold Ramis) – 101 minutos.
Bill Murray e Andie McDowell protagonizam essa comédia de erros, com cara de boba, com um roteiro engenhoso e original para a época. Harold Ramis, dirigiu também Ghostbusters, Férias Frustradas e Máfia no Divã. Essa é a base de sua comédia, leve, inteligente, satírica na dose certa, não apelativa. Levou 5 prêmios e outras 8 indicações entre melhor ator, atriz e roteiro.

A outra história americana (1998, Tony Kaye) – 119 minutos
Edward Norton é um ex-neonazista recém-saído da prisão por assassinar duas pessoas, se diz reformado e pronto para ajudar o irmão (Edward Furlong) e impedir que este repita seus erros do passado. Político, polêmico e violento, esse filme não nos deixa piscar um segundo. Edward Norton perdeu o Oscar para o inusitado Roberto Benini, de A Vida é Bela.

Harry e Sally – feitos um para o outro (1989, Rob Reiner) – 96 minutos.
Se fosse produzido nesta década, é um fato que a história viraria um seriado. Comédia romântica mais clássica e maravilhosa de todas, vale se você está apaixonado, se começou a namorar agora, se está casado há décadas, infeliz, se tomou pé na bunda, se não está com ninguém. Tem tudo aí dentro, sem falar nos diálogos excepcionais que Nora Ephron criou e a trilha sonora imbatível. Lançou de vez Meg Ryan e deixou Billy Crystal até charmoso. Levou 4 prêmios e 16 indicações, incluindo melhor ator, atriz, roteiro e filme.

Psicose (1960, Alfred Hitchcock) – 108 minutos.
Acho que não preciso falar desse. Suspense clássico, reconhecido por todos, um dos melhores filmes já feitos, de ninguém menos que Hitchcock, que inaugura nosso terror dos chuveiros com cortina branca. Anthony Perkins é Norman Bates, dono de um motel de beira de estrada que vive com sua mãe adoentada numa casa de colina. Em uma noite chuvosa, recebe Marion Crane (Janet Leigh), uma mulher em fuga que precisa descansar por uma noite. É nesse clima de abandono e tensão que tudo acontece. Esse filme é da categoria impossível deixar de ver. Tem tudo aí: romance, intriga, independência feminina, trapaça, crime, suspense, terror. Hitchcock ficava na porta dos cinemas e não permitia aos atrasados entrar na sala. Daí você imagina a relevância e o cuidado que o mestre tinha com o espectador e sua obra. Esse tem crítica!

Maidentrip (2013, Jillian Schlesinger) – 82 minutos.
O primeiro documentário da lista, conta a travessia que Laura Dekker, com apenas 14 anos, fez pelos oceanos do planeta. Seu sonho de vida era viajar o mundo em um barco e, com experiência cultivada na família, conseguiu autorização da justiça holandesa para enfrentar o desafio. Com câmeras no barco e se filmando todo o tempo, temos a impressão de participar de sua jornada, nas dificuldades e alegrias. Além de paisagens deslumbrantes, vemos a garota amadurecer e perceber que essa aventura é muito menos romântica do que lhe parecia. Ela carrega hoje o título de pessoa mais jovem a fazer a circum-navegação pelo planeta. Esse tem crítica!

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