O Renascimento do Parto
Quando parir se tornou tão complicado? Tecnologia, evolução,
médicos capazes e fazer nascer uma criança de forma normal nunca foi tão difícil. Em O Renascimento do Parto, documentário de Érica de Paula e Eduardo
Chauvet, encontramos algumas respostas.
O filme provoca: por que os índices de partos cesarianos
cresceram tanto? Como é possível uma taxa de mais de 70% de partos em hospitais
particulares serem feitos assim? Qual é a dificuldade das mulheres em gerar filhos
para nascerem de forma natural? Ao que tudo indica,
o defeito não está nas mães.
Em 90 minutos vemos partos de todo tipo e depoimentos de
mães, pais e profissionais de saúde. Conhecemos os motivos pelos quais alguns médicos
induzem futuros pais a acreditar que a cirurgia é o melhor meio, a escolha segura. Tranquilizados e horrorizados, acompanhamos
a destruição destes argumentos e entendemos como planos de saúde, hospitais,
clínicas e estes doutores estão mais
preocupados com tempo e lucro do que com a saúde de quem deveriam cuidar.
As respostas estão, claro, na indústria da saúde. Um
parto normal leva, em média 12h, entre a mulher romper a bolsa e ter o bebê. O
custo disso para o hospital é baixo, se comparado ao procedimento cirúrgico de
uma cesárea. Isso porque até que a mulher tenha dilatação suficiente para fazer
nascer sua criança, a espera a faz ocupar um leito de hospital e, no máximo,
ser monitorada durante todo o tempo. A intervenção no corpo feminino é mínima,
o gasto com material idem. Ocupam funcionários em menor número, menos
equipamentos. E, claro, o médico, que perde um dia de consultas e cirurgias
apenas para sentar e esperar.
O filme investe uma postura ativista em prol do parto
natural, de parteiras que hoje chamam-se doulas – mulheres especializadas em
acompanhar as famílias durante o parto – de partos em casa, do parto normal e humanizado. O problema do filme enquanto filme, é o excesso. É uma campanha clara, com objetivo definido e escancarado no trailer. Só com a imagem do cartaz já sabemos o que nos aguarda, mas, ao invés de nos interessar narrativamente,
vemos uma sequência de acusações – justas, vá lá – intercalada por cesáreas
sofridas, partos naturais lindos, depoimentos emocionados e entrevistas direcionadas. Essa parcialidade
exagerada afeta na duração. É como uma propaganda política que nos enche de argumentos lógicos e mesmo tendo concordado com eles, ainda ouvimos um pouquinho mais.
Mas não desistamos, pensemos na importância do tema para a
nação. Há que atentar para o futuro, para o que se pensa do destino de nossa
saúde – hoje ainda mais polêmica – em como compreendemos o corpo feminino e
como devemos respeitá-lo, especialmente quando carrega outra vida dentro de si.
Com ritmo televisivo, O Renascimento do Parto conscientiza um público crescente
para a necessidade de ter ao lado uma equipe médica de confiança que garanta o nascimento
– quaisquer que seja o método escolhido – assegurando o dia mais feliz da vida de uma nova família.
Financiado por doações no esquema de crowfunding
e recursos próprios, o filme segue em
cartaz, inicia carreira nos festivais e merece ser espalhado e discutido por
onde passar.
Acompanhe no Site!!
1 Comentários
Excelente texto !!! Irei assisti-lo hoje aqui em BH. Sua resenha me seduziu. Grande abraço, obrigado !!!
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