The greatest

by - junho 21, 2010

Achei que seria um texto fácil de começar, na verdade. A questão é que o filme trata da dor de perder uma pessoa querida e isso em si, já traz bastante sentimento, quando você passa a associar a sua vida como exemplo. Porque para você chegar onde o filme pretende te transportar, naturalmente e até sem querer, você acaba se comparando àquela situação. E daqui pra ali já começa a apertar o coração.

A família encabeçada por Pierce Brosnan e Susan Sarandon perde o filho mais velho. Era um garoto modelo, do tipo que não dá trabalho, nem cria problemas pra ninguém. O típico cara sensacional, legal pra caramba, super amigo. Como meu amigo que perdi há uns anos, por exemplo. Então encontramos essa família perdida entre a dor e não saber como lidar com isso, cada um vivendo sua própria condição e o pai tentando confortar todos, sem saber como reagir a si próprio.

O que há de especial no filme não é exatamente a trama, mas a interpretação dos atores. Porque a história é comum, com alguns exageros, algumas cenas desnecessárias, mas que se apóia em situações tão singulares quanto sinceras, basta lembrar da relação criada entre a namorada do que morreu com o pai da família. A função deste (aparentemente como todos os pais se acreditam) era segurar as pontas, quando nem ele se tinha sob controle e encontra nela uma força parecida, junto com uma necessidade de carinho e proteção. E eu, que tinha tantas críticas em relação a Pierce Brosnan, tiro meu chapéu ao ver tanta força também no início do filme, no plano-seqüência dos mais bonitos que já vi na vida, quando a família volta do enterro, no banco de trás de um carro, mudo, sem trilha sonora, como a vida mesmo.

Pensando alto e longe, essa poderia ser a seqüência do ponto de vista da família do jovem Alexander Supertramp, de Na Natureza Selvagem. As estruturas familiares são bastante parecidas; o pai enquanto dono da casa, a mãe de uma força incrível cujos embates com o marido são inevitáveis e um irmão (irmã neste caso) mais novo que perde a referência que tinha a seguir. Claro que a história real de Alexander Supertramp – Cris McCandless é diferente porque sua busca era outra e a impressão de impacto na vida dos que conviveram com ele foi muito maior até por isso (ainda mais se imaginamos que ali é real). Mas a continuação da história familiar não parece ser muito diferente do que vimos neste, como uma família que tenta se reestruturar após tanto.

Não havendo preconceitos e com alguma vontade de encarar um drama, esse até vale. Não é um filme para grandes expectativas e, talvez por eu ir acreditando nisso, tive uma boa experiência. É uma história triste, mas possível porque é americana, o próprio peso é bem dimensionado, algo que se pensássemos numa produção européia seria muito mais doído. Vale para uma tarde de tédio num domingo ou um fim de semana chuvoso em casa.

Título original: The greatest
Direção: Shana Feste.
2010, EUA,

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1 Comentários

  1. Não conheço esse filme, Tati. Mas, isso não quer dizer que você viu mais filme que eu, tá! A história é bem parecida com outro filme, "Vida Que Segue". Já viu? E que também é com Susan Saradon. É um drama, mas tem uns diálogos bem bacanas e até bem humorados.

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