Quando a coragem vence o medo

by - julho 09, 2007


Enquanto a gripe tenta dominar meu organismo, fico pensando no último filme que vi: Apocalypto, de Mel Gibson. Após o terrorífico filme de Jesus que estigmatizou para sempre a carreira do Coração Valente, eis que nosso cineasta resolveu virar antropólogo: lançou uma aventura Maia. Como de costume, utiliza os idiomas referentes a cultura que propõe retratar, ainda que a linguagem de seus filmes não fuja às aventuras norte-americanas. Até entendo esse bloqueio, ele não pode não pensar como americano, isso é fato. Os chistes são do tipo que vemos em Velocidade Máxima ou em outros que têm 'matar' em alguma parte do título. Ainda assim, resolvi dar um voto de confiança porque nunca vi ninguém retratar a cultura maia e achei auspiciosa a idéia. Vamos em frente, pensei.

O filme não passa de uma correria nas matas tropicais dos índios que mais pareciam brasileiros do que maias, salvo engano, bravos donos das terras mexicanas. Em resumo: três tribos, duas são açoitadas por uma mais 'civilizada' (que parece combinar mais com a nossa idéia dos Maias mesmo) que os utiliza como sacrifício aos deuses. Aqui surgem questões como: por que diferentes tribos falam o mesmo idioma? por que só percebemos no império maia a escravidão, a exploração e o sacrifício? por que, um filme que retrara uma cultura de época não realmente trata da cultura, mas apenas de suas expressões de violência? Acredito que o diretor tenha buscado alguma analogia com a vida real, mas ele deve ter percebido que esta idéia culmina numa critica à sua própria cultura e não a que eles acham ser a dos bad guys.

Obviamente no filme há o personagem principal e este foge o tempo todo, sendo o único sobrevivente homem de sua tribo. (Sim, é mais um desses filmes em que só sobra um para contar a história) Chega o momento em que ele percebe que não adianta fugir e que deve enfrentar aqueles que invadiram sua vida e lhe tiraram a paz, os amigos, a família, e não há mais o que perder. O clichê não diria melhor: a caça vira caçador e Jaguar Paw se torna senhor de seu destino.

Ao contrário do que eu esperava, o filme tem uma reviravolta interessante e a transformação do personagem é muito bonita e bravia. Imaginava eu que ia ser mais um filme em que a inocente vítima apenas foge e seu trunfo é sair viva da trama, mas aí o momento da coragem torna a vítima em algoz e nosso senso de justiça aflora, passamos a desejar o assassinato de todos os malvados.

Infelizmente o final é ridículo, mas vale a idéia da coragem, da força que somos capazes de possuir e da crença que devemos ter em nós. Chega um momento em que nossa única decisão válida é o enfrentamento, não apenas por uma justiça ou pelo que acreditamos ser certo ou errado, mas por ser nossa única opção, aquela que nos faz ser quem somos.

De ontem pra hoje a gripe se fortaleceu no meu ser, mas estou enfrentando como o indiozinho e esperando um filme realmente legal na tv, com café preto bem quente e comidinhas gostosas.

Só um último ps: o pôster não condiz com o filme, nem é o protagonista na capa e não se vê nada direito. É feio e parece ter sido feito às pressas. Aproveitando, queria opiniões sobre a fotgrafia, que não achei nada demais, mas creio que deve ser um desafio para um diretor de fotografia filmar em florestas.

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1 Comentários

  1. Eu achei o filme bobo, não por causa da premissa, mas porque ele se resume a uma correria que não serve a nada. A motiovação do personagem é verdadeira, mas ach oqeu Mel perdeu tempo demais com a ação e o sangue e esqueceu de retratar masi a vida dos indígenas. Que é apresentado é muito pouco e não serve pra criar um vínculo com o persongaem, isso só é feito através do bebê e da mulehr grávida.
    Dean Semler rodou o filme com a câmera Genesis High Definition da Panavision. Pire na idéia. Ele conseguia gravar em digital emulando um negativo 5218 da Kodak a com uma sensibilidade de ISO 1280, o obturador a 270 graus e meio stop de ganho. Ele tnah aopção de aumentar o ISO para 2560, mas com isso aumentava muito o grão e a imagem ficava borrada, pois a expoisição passa ficar 1/24, me vez de 1/48 segundos.
    Com tudo isso ele foi capaz de fazer boas imagens com 2 1/2 footcandels.
    Ele usou muita luz natural filtrada através de panos de seda e tochas de fogo pra simular as fogueiras durante a noite.
    Fo irealmente um grande desafio. Copie o link pra o browser pra ler a matéria da ASC Magazine. http://www.ascmag.com/magazine_dynamic/January2007/Apocalypto/page2.php

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